A ansiedade e a ejaculação
A ansiedade e a ejaculação
O cenário atual em que vivemos, com toda esta velocidade de comunicação, consumo e interações sociais, tem provocado o aumento de algo fatal ao prazer sexual: a ansiedade. No mundo jovem masculino, isso se reflete em um crescente aumento de queixas de ejaculação rápida (a ejaculação precoce).
Funciona assim: quanto mais ansioso o jovem fica na cama, mais rapidamente o corpo dele dispara um mecanismo que promove a ejaculação. Às vezes, isso se dá em segundos. É aquela história de quando mal começaram os beijos, abraços, toques ou qualquer outra proximidade sexual, já foi. A ejaculação vem sem controle e, pior, sem o menor prazer.
Isso causa um enorme sofrimento. Tortura a cabeça e traz medos, inseguranças e preocupações das mais variadas. “Será que tenho algum problema?” “Será que nunca vou conseguir me controlar?” “O que há de errado comigo?” Esses são alguns dos pensamentos que começam a buzinar na cabeça dos jovens (e de homens adultos também) quando se deparam com essa dificuldade do controle da ejaculação. Será que dá para mudar essa história?
Dá sim! O primeiro passo é entender que as dificuldades sexuais podem ocorrer com qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer momento da vida. Ou seja, não é para ninguém ficar se sentindo o pior dos piores. Até porque ter dificuldades sexuais é muito mais comum entre os casais do que a gente às vezes imagina. Há pesquisas que apontam, por exemplo, que cerca de dois terços dos jovens apresentam ejaculação rápida durante um período da vida. Já na população adulta ou na terceira idade, essa incidência cai para aproximadamente um terço.
Depois de saber isso, é hora de olhar para a grande vilã, a ansiedade. Tudo o que ocorre fora da cama pode interferir no nosso prazer sexual. Sempre digo isso por aqui nas colunas, e também nas palestras que faço pelo Brasil afora, no programa de TV e em todo lugar por onde passo conversando sobre a sexualidade humana. Então, se a pessoa é bastante ansiosa na vida como um todo (nos estudos, no trabalho, nas relações sociais e familiares, entre outras), isso também vai interferir na hora do sexo. A grande sacada é descobrir como baixar essa ansiedade tão elevada que acompanha a rotina de vida.
Um psicólogo pode ajudar nesse caminho tão complexo. O profissional vai conversar com o paciente a fim de descobrir desde quando ele se sente tão ansioso e o que o leva a ser assim. O tratamento é a psicoterapia: um espaço seguro de conversa entre psicólogo e paciente em busca de caminhos para a pessoa se conhecer melhor, conquistar bem-estar consigo mesma e tentar mudar essa e outras situações que incomodam e fazem sofrer.
Além disso, a própria pessoa pode tentar se investigar a fim de descobrir os motivos de tanta ansiedade. Um deles costuma ser a cobrança: quanto mais nos exigimos perfeição nos variados aspectos da vida, mais nos frustramos e entramos num ciclo de cobranças internas. O pior é que esquecemos que perfeição não existe! O ser humano é por natureza um ser imperfeito. Temos falhas das mais variadas, e não poderia ser diferente na cama.
Aceitar isso e não exigir tanto de si mesmo nem das pessoas que estão ao redor pode ser uma dica poderosa para começar a virar o jogo do prazer. Para melhor, é claro.
Cabe também olhar um pouco para as atitudes das parceiras e dos parceiros amorosos. Ter relações sexuais com quem costuma fazer pressões, cobranças e ameaças de alguma forma também é algo fatal ao prazer. E isso vale para homens e mulheres de qualquer idade. É importante que a dupla esteja confortável na cama para que o prazer possa emergir com naturalidade. Outra dica, então, é: se algo não vai como o planejado, conversar de forma amorosa e acolhedora pode surtir efeitos muito mais saudáveis do que agir com foco em conflitos e punições de algum tipo.
Além disso, ter uma atitude de busca de informação em relação às mais variadas questões em torno da sexualidade, um assunto ainda tão complicado e tabu na nossa cultura, pode ajudar a esclarecer muita coisa na vida amorosa. E também aliviar algumas culpas que muitas vezes sentimos, e que no fundo não precisariam ocorrer.
O desafio é grande, e para grande parte das pessoas. Mas certamente valerá a pena encará-lo, você não acha?