Prazeres que se complementam

Prazeres que se complementam

 

Assistir ao jogo de futebol com os amigos ou ficar namorando dentro de casa? Sair para dar risada com a turma ou preferir um programa mais quente a dois? Planejar uma excursão em grupo ou uma viagem para casal? Muita gente vive dilemas como esses na hora de escolher o que fazer com o seu tempo de lazer. Mas será que uma coisa precisa excluir a outra? Ou será que o amor e o sexo têm muito mais a ganhar quando há espaço para cada pessoa também ser capaz de saborear outros prazeres?

Para iniciar e ampliar nossa conversa, é importante falar sobre as dimensões da vida de cada um de nós. O ser humano pode e deve experimentar seus múltiplos aspectos: o lado amoroso, profissional, pessoal, social, familiar, entre outros. Tudo isso é importante e merece atenção e cuidado. Por exemplo: ter e cultivar uma rede de amigos. No que isso faz bem? Entre outras coisas, no sentimento prazeroso de ser querido, lembrado e valorizado, e de pertencer a um grupo. Também favorece o desejo de compartilhar ideias, projetos e conquistas, e nos momentos de necessidade de ser acolhido quanto a dores, frustrações e desilusões das mais variadas. Claro que sempre há altos e baixos em quaisquer relacionamentos humanos. Mas isso faz parte da vida e não elimina o imenso prazer que ter amigos e poder conviver com eles nos traz.

Igualmente positiva é a possibilidade de estar a dois. Ter uma parceria amorosa e sexual que seja de fato prazerosa e significativa só faz bem para cada um de nós. A lista dos benefícios é longa: traz um novo colorido à vida, energiza, acolhe, complementa, eleva a autoestima etc. Mas não é por isso que a relação a dois tenha de jogar fora qualquer outra possibilidade de relacionamento, ou vice-versa. Como o convívio com os amigos. O mesmo raciocínio vale para os outros aspectos: trabalho, família e vida pessoal como um todo. Pelo contrário, tudo isso podem ser prazeres que naturalmente se complementam na vida de cada pessoa.

Vale saber que quando a gente deposita todas as expectativas de prazer em um único aspecto da vida, a chance de se frustrar é gigantesca. Por quê? Especialmente pelo fato que você (nem ninguém) conseguirá agradar 100% a pessoa que está ao lado. Muito menos atender a todos os desejos. Como digo sempre nas nossas colunas, e também nas palestras e outras ações educativas que faço pelo Brasil afora, é importante lembrarmos que cada pessoa tem um jeito único de ser, com acertos e erros como qualquer outro ser humano. A felicidade a dois depende de entender isso e aceitar as possibilidades e as limitações de cada um. Depende também de não cobrar tanto de si, nem da parceria amorosa e sexual.

Estamos falando aqui de liberdade para saborear a vida. Podemos extrair sim muito prazer do trabalho, das relações sociais, do convívio familiar e dos momentos para cuidar de si. Podemos extrair prazer até mesmo em espaços para ficar só. E isso não quer dizer que não haja amor e interesse erótico pela parceira ou pelo parceiro afetivo. Significa apenas que estamos exercitando os múltiplos campos da nossa existência.

Para lidar com isso de forma mais tranquila, um grande passo para os casais de qualquer idade (jovens, adultos ou na terceira idade) é abrir o campo para o diálogo. Conversar sobre o quê? Sobre o que cada um gosta ou não de fazer na vida como um todo, quais são os desejos, as expectativas, os planos. E o que gostariam de combinar entre si para que o dia-a-dia a dois ganhe em cumplicidade, parceria e respeito ao jeito de ser de cada um.

Outro passo é entender que o envolvimento erótico sai ganhando quando a rotina diária está mais prazerosa. Após um dia de risadas e divertimentos em grupo, por exemplo, pode ser que esse clima de descontração deixe tanto o homem como a mulher em um estado de espírito favorável para a vivência do prazer amoroso e sexual. Isso ocorre porque o ser humano é um todo: tudo o que vivencia não só na cama, mas também fora dela, pode interferir positiva ou negativamente no sexo. Um dia marcado por momentos de estresse e preocupação, por exemplo, pode azedar o humor de um tanto que ficará difícil se render nos momentos seguintes aos carinhos e carícias a dois.

Compreender tudo isso é um desafio. Mas não é algo impossível de ser feito. Cada um pode começar esse caminho incluindo uma palavra de ordem na vida amorosa: respeito. A si mesmo, aos seus valores, crenças, desejos, planos, limites e possibilidades, e em relação a pessoa que está ao lado. Dessa forma, todos saem vitoriosos no complexo e delicioso jogo do amor e do sexo. Vale experimentar!